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Showing posts from 2007

carta de suicídio nº4

I hope to reincarnate as a bird. Free as a bird. stephen dedalus

carta de suicídio nº3

Pai, Nós poderíamos ter sido tão felizes juntos. uhhhh, and we could I Know We could be so happy Baby (If We Wanted to Be). Cristopher

carta de suicídio nº2

- Eu me vou! - Vai tarrrde!

carta de suicídio nº1

eu escrevo errado me expresso errado para criar estórias mentirosas por que eu sou errado

mAnGaS, Abundância delas. Das maaaangas

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chupachupa, até o caroço. da fruta que você gosta, ele como até o caroço. caroço, lindu.

kat killer

Era dezembro, o comecinho do mês. A época das mangas. Eu passava de carro pelas ruas da cidade sem a menor pretensão, no meu mundo com ar condicionado, mofo de cigarro e a música na maior das alturas. Tenho tudo que preciso no meu carro. Paletó, camisa branca e gravata preta extra. Uma 9mm e um Colt .45, ambas com o tambor cheio e mais 25 balas extras. Pode se ver que sou um cara prevenido. Dentro do passeio público pessoas vindas de não si onde catam as mangas que caem. Uma fartura, famílias inteira cooperando em busca da melhor fruta de todas. Aquele que você crava os dentes sem medo de caroços ou pouca polpa. É tudo seu, engula essa refrescância, se lambuze todo. Tive que sair do me casulo. Parei no acostamento, liguei o pisca alerta. Deixei o blazer e a gravata no carro e botei a pistola menor na meia. Atravessei a rua e me deparei com uma pequena floresta urbana. Vendo de perto as árvores eram muito maiores que no vidro fume do m eu carro. Vi que seria uma tarefa impossível e

Cartas e cartas

Para todas as mulheres que se deitaram comigo, Por debaixo dos lençóis sua mão quente vem acariciar a minha perna. Você é tão egoísta. Quando você quer, quer. Olho o celular. 3:15. Mas que tesão que eu to sentindo. Você mordendo os lábios com os olhos vermelhinhos e com bafo de cachaça. Ta do jeito que eu gosto. Do jeito que estaria no capítulo do livro, só que melhor escrito. Já sobe por cima, roçando em mim. Manda eu fazer silêncio. Por quê você ta me mandando calar a boca? Porra! Mas isso não interesse quando mergulho meu narigão no meio das raízes do teu cabelo, que ta molhado só no couro cabeludo. Você me domina completamente. Me deu o bolo no happy hour ontem, mas mesmo to aqui, que nem um bobão, me satisfazendo com migalhas. Bom, deliciosamente apetitosas migalhas. Meu nome é Fausto e eu gosto de sexo. Por Deus nosso senhor! Estou escrevendo isso aqui por que meu médico achou que era mais saudável do que bater uma punheta. Mas mesmo escrevendo eu sinto vontade. Viv

perdi, e foi feio :~. mas fica pela memoria. palpitações

"Augusto Ruschi e o Desafio do Desenvolvimento Sustentável" Todos os grandes homens são seres inspirados que com olhos serenos enxergam anos-luz à frente do presente. Tais homens não se contentam em apreender apenas uma parte do conhecimento, querem se expandir em todos os níveis, nos três eixos, sem amarras. Eles têm a capacidade de investigar o mundo como um todo, deixam naturalmente de lado as facilidades da didática em busca de seu maior vício: a curiosidade, que voa livre como um beija-flor, se deleitando com as infinitas flores. Foi assim com Aristóteles, o grande filósofo grego, explorou com brilhantismo a ética, lógica, biologia, psicologia, zoologia, a dramaturgia, assim como Leonardo Da Vinci, pintor, inventor, anatomista. Portanto, não haveria de ser diferente com Augusto Ruschi, o patrono da Ecologia brasileira, esse cientista, agrônomo, advogado, naturalista e ecologista, foi além de sua época para proteger o meio ambiente, que em seus sonhos o chamava com f

185 and counting

Principio da precaução Como olharemos para essa afronta constitucional? Onde estará a legalidade do ato cometido pela CTNBio? A Constituição de 1988 inovou, e fez o que nenhuma outra Carta Magna fez, dedicou um capítulo inteiro ao Meio Ambiente, e transformando em preceitos constitucionais o direto de um ambiente ecologicamente equilibrado, e sendo dever tanto do Estado quanto da sociedade civil, o poder de agir, caso esse preceitos sejam minimamente feridos. Todos esse esforços são combinados para um devir: o direito natural - trazendo a idéia de Hugo Grocio que considerou o elemento natural do Direito Natural na razão valorativa, juntamente com os princípios de liberdade e vontade a da preservação da vida, formariam um ideal de jusiça amplo - ;e portanto, dos nascidos em tempos futuros de gozar de um ambiente equilibrado e com a sustentabilidade da atividade humana. Que só será possível com uma eco-ética , aplicando-se do local para o global, nas palavras de Ignachy Sachs. S

sem título III

Olhamos apenas para aqueles que tem mais que nós; e pior, com inveja. Chovia. Ele estava com os braços pra dentro da camisa com frio e fome. Até quando vai chover?

petite histoire d'amour

Première fois d'eux Na Brasília moderna dos anos 90 que teve o Collor pagando bunda lelê em um carro oficial de placa marrom e dourada, cheio de princesa da moda, tipo a garota da introdução do Fantástico, com o nariz branquinho, teve também idas inocentes a quermesse da paróquia. Todo aquele ambiente familiar que emanava paz celestial e bondade, aonde os padres vinham com suas boas caras dar-nos as boas vindas. Fiquem à vontade! Que Deus lhe abençoe! Eles louvavam, estavam alegres. Hilda estava meio distante de sua família e não tinha que cuidar de sua irmã mais nova porque ela estava se divertindo com as outras crianças. Bons tempos. Hilda já era uma jovem moça. Deteve-se ante a barraca de cachorro quente e pediu um com molho. Um jovem seminarista entrou na fila e olhava para baixo, mas queria olhar Hilda e o que vinha depois de sua comportada saia bege plissê. Agarrou contra peito seu crucifixo prateado, presente de sua santa avó e timidamente, ele o beijou. E

as cartas secretas de Vanderlei Tomás. ( 1925-1956)

À Angélica, As asas de minha primeira concubina. O quanto eu não chorei pelos outros! Seguindo meus próprios passos tortos; No meio dessa zoeira E da minha tremedeira; desculpa Eu encontrei você, eu finalmente encontrei você Dama da areia, a mais linda sereia. Lindo é teu mar! Que com sardas e queixo Fez-me querer o teu beijo Sem pudor e com desejo Eu te amei E o teu calcanhar Que em breve vai alçar Um vôo para longe de mim És minha, querida, sem fim! Adeus. Vanderlei Tomás

quando tinha 16 e não transava

A arte contemporânea se encontra paralisada por duas vertentes: A arte conceitual e o experimentalismo. A obra de arte que por natureza mostra o universal e pode ser apreciada por qualquer um se encontra hiper intelectualizada por um lado, ou simplesmente não desenvolvida de outra. A arte conceitual busca a ilustração de conceitos por meio da arte.Com esta primazia do conceito duas coisas acontecem: a) A obra não mais mostra o universal, mas sim um conceito e b) A obra deixam de ser autocontida é necessário ir alem dela para a explicar. Assim sendo, é impossível avaliar a obra pela obra e logo toda a técnica formal é deixada de lado e um ambiente de amadorismo surge. Dois exemplos práticos disto: a) A proliferação de materiais e objetos usados na arte para melhorar retratar os conceitos junto com a falta de desenvolvimento dessas técnicas de modo a permitir que elas possam criar um universo amplo de imagens e b) a presença de longos textos explicativos presentes na exposição

O Mal Experimental

O experimentalismo é parte do processo criativo de todas as artes. Nas artes visuais isso se dá como esboços de figuras, testes de cores, luz. No teatro se dá como a “primeira impressão” que o ator tem do tema há ser abordado, o diretor o guia através de exercício de conscientização corporal, e uma catarse em relação ao arquétipo do personagem. Assim a experimentação permite o aprimoramento técnico da obra por tentativas sucessivas de desobjetivação do referente. Mas se o experimentalismo fosse apenas isso, não haveria razão para esse artigo. O Modernismo abriu um imenso leque de exploração artístico, tanto de teoria como de técnica. O que realmente importa na obra moderna é que a mensagem seja passada, a forma é aleatória. Isso criou condições para que o Experimentalismo pudesse deixar de ser mera parte do processo criativo para englobar a criação em si prescrevendo estilo, teoria e técnica. Um conceito moderno do Experime

ui

Saiu um post em uma revista digital, Dephot. Visitem! tema desse mês: sonhos http://www.dephot.com.br/revista

karamázovi

Rua Nevski fica em São Petesburgo, onde nos cantos das calçadas, ao lado, tem um musgo preto provavelmente, resultado da Grande inundação de 1699, este qual é culpado de uma infecção bacteriana em 1756. Sendo a rua mais importante de toda Rússia, uma capital moderna se comparada a Moscou, lugar dos místicos de membros enormes. Isso não cabia mais em lojas de artefatos que vendiam o mundo em suas prateleiras. Cafés da Arábia, com baba de camelo e grãos de areia, os mais belos fumos - indianos, do Rio da Prata, africanos. Os carros passavam por lá como transeuntes. Em qualquer outra parte desse país de dimensões continentais, era coisa para ser visto não mais que uma vez em toda a vida. Descendo a Nevski, conversando com ela, admirando os inúmeros dejetos sobre ela lançados. Como eram diversas. Papeis de biscoitos suíços, garrafas de vodka, um pombo morte, esbugalhado por algum carro. As luzes eram acessas pontualmente Às cinco, como esbanjam claridade, era tão grande que mesmo estando

apartamento 168

Eram pontualmente quinze para as duas da tarde, quando adentrou a em seu apartamento e viu à sua frente a mesa do almoço; nela sentada sua esposa - de longa data, iria fazer 20 anos de casado em 6 meses -, impaciente, entediada. A comida era a mesma; mas, que parecia um tanto sem sal, havia uma semana que a empregada havia se demitido e era agora sua esposa, Dona Zuleica que havia tomado a cozinha. Durante o almoço, não houve nenhuma conversa, apenas o tilintar dos talheres. Falou timidamente que havia um rapaz no escritório que lhe fazia pena e que por não terem filhos, o pedido do rapaz ativou seu instinto paterno e ele havia aceitado ser o padrinho de casamento com uma mulher, que também trabalhava no Advogados e Associados, Carmem , a moça do Departamento pessoal. Silvinho o nome do rapaz, magro que só, com um belo bigode ralo e olhos saltado, com a roupa frouxa no corpo, eram um coitado, todos viram. Então passou a tratá-los como filhos, e de aprontar todos os preparativos: para

e é só isso

"Pensar em tudo que se passou, que se pode sonhar e não realizou a vida tentando escapar mas não por agora Ao mesmo tempo tanta coisa se amou se refez, se perdeu, se conquistou retratos estampados do nosso amor em preto e branco pregados na parede revelando pra sempre a gente, nosso orgulho um do outro, olhando pra lente, como quem disesse: não queremos mais nada nesse mundo E me lembrasse, a cada instante que valeu a pena cada lance e que valerá tenha certeza, pra toda vida... Vou levar, vou te levar pra onde for, vou te levar vou levar, vou te levar pra onde for, vou te levar" Lobão - Vou te levar

Daedalus

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“Observou-lhes o vôo; pássaros: um lampejo escuro, uma guinada, um novo lampejo, um arremesso para o lado, uma curva um bater de asas. Tentou contá-los (Stephen Dedalus) antes que todos seus corpos trepidantes e dardejantes desaparecessem: seis, dez, onze; e se perguntava em número se eram ímpares ou pares. Doze, treze; pois dois vinham girando para baixo do alto do céu. Voavam alto e baixo mas sempre girando e girando em linhas retas ou curvas e voando sempre da esquerda para a direita, rodeando em volta de um templo de ar.” James Joyce – Retarto de um artista quando jovem Daedalus Os pássaros são criaturas absolutamente perfeitas. Seus planos de vôo, seu domínio do céu. Os homens sempre olharam com inveja essa incrível habilidade de planar no céu, poder comer as nuvens, e para os que estão lá embaixo lançar olhares como um belo aristocrata. Pássaros precisam de sombras minisculas para se refrescar, podem ficar sem gastar um pingo de energia ver tudo. Mas se reparare

war

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Fausto andava uma quadra a mais que a do colégio quando chegava mais cedo à aula. O sinal batia às duas da tarde para os alunos do turno vespertino. Ele pegava o ônibus para a W3 Norte logo após do almoço, com a barriga ainda cheia, sonolento e com bafo de comida, que nenhuma escovada tira. Dependendo no trânsito caótico da via, cheios de sinais vermelhos, movimentação dos escritórios do Setor Comercial Sul, saída de shoppings, escolas; tudo convergia para a W3 Sul. Mas havia dias, quando o motorista estava inspirado, e os deuses também, que o ônibus 4523 da Viação Planeta pega a onda verde de sinais. Com uma constância de 60km/h embarca assim com uma corrente marítima. Portanto Fausto chegava muito mais cedo, às 1:15 e não querendo entrar de imediato no antro educacional de paredes verdes vômito ele aproveitava esses trinta minutos para ficar no parque, uma quadra acima do Salles. Esse parque é um oásis no meio do deserto. Dava para a W4 Norte tinha um prédio baixo, de três andares

Carta de um filho

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- O que é o amor verdadeiro? - É o amor dos pais. -De onde ele vem? -Não sei. Eu os levo para aonde quer que eu vá. Pai do lado direito, meu braço direito, conselhiro e Mãe nos esquerdo, meu ponto fraco, meu sentimento incabível e infinito; a pessoa que eu mais gosto de beijar no mundo inteiro. Ao Doutor, Como te vejo? Às vezes não o vejo, te sinto. Tuas mãos hábeis passando duas ou três vezes no meu cabelo e um beijo caloroso dessa bocarra. Os olhos são da cor de duas madeiras escuras e densas; mas não impenetráveis, são as suas convicções de moral e humanidade que os deixam assim: sóbrios. Por ter lido demais e pensado também, nunca consegui acreditar em Deus. Quando li David Hume, o pai do Impirismo, ele ressaltou uma visão que faz todo o sentido para mim. Dizia ele que o ser humano é humano, é como tal só poderá pensar coisas advindas de experiências reais, o externo se dando contra a racionalidade humana; e quando vá se falar de coisas fora da humanidade nã

bang bang frank - old tales

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eternus highlanderis Manual Lamber para evitar pessoas - Christopher Lambert Cap. IX - Idosos Essa espécie é comumente achada nos recintos onde a abordagem a estranhos é mais corriqueira - salas de esperas, filas de bancos, elevadores -, já que os mesmo, em sua maioria, tem muito tempo livre. Ao adentrar em um local, principalmente os que foram supracitados, deve-se ter o olho clínico para se alocar em distância segura, sendo esse procedimento o primeiro e essencial, se não for possível realizar essa manobra de distanciamento ou se o idoso fizer uma abordagem contundente - e que seja pouco provável se desvencilhar não usando a etiqueta e os bons modos -; outros métodos de serão apresentados em futuros capítulos. É mister ressaltar que esse estudo de local consiste apenas em uma checagem do perímetro - a palavra é essa mesmo, estamos em guerra -, visando potenciais transgressores da barreira de *Friendich; geralmente, esses são munidos de peles rugosas, cabelos parcos - sem diferenciaçã

estória perdida

Quando tinha quinze anos, Fausto foi acometido por uma terrível peste, provocado por pequenos mofos pretos embaixo daquela pia, que devia ter a sua idade. Pessoas não moram em conjugados de escritório. Aquela coisa minúscula, parasita eficiente estava corroendo as vísceras dele. As manchas surgiam em seu corpo em grandes círculos vermelhos; sua boca, seca como a de um papagaio implorava por água, mesmo tendo bebido litros. Conseqüentemente sua boca estava seca e com um hálito podre e como ele fedia; arrancava com suas unhas as caspas que infestavam todos seus poros. Os médicos já não tinham respostas e tratamentos mostravam-se inócuos, era possivelmente uma enfermidade psicológica. Visto a gravidade, seu pai, apoiado por Alor, decidiu arriscar um tratamento novo. Para o menino eram dadas porções diárias de uma droga que ainda estava em teste, a síntese uma flor medicinal de Zihuatanejo chamada gloria de mañana. Todos os dias o Doutor Timóteo ia lá conversar com o pobre adolescente, q

sem título III

Mas? Não havia mais “mas”. Tudo acabado, assim de repente. Veio à cabeça falar “mas” mais uma vez. “Como estou nervoso e confuso”. Sentiu um frio na barriga; frio de quando uma água gelada percorre devagar a sua espinha dorsal. Uma tortura, depois sentiu tontura. Sentiu-se pequeno também, do tamanho de um botão. E depois, segue a luz branca. Zzz.

sem título II

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E por essas veias, que olhava enquanto batia em cada letra no teclado. Um “p”, depois um “e” e assim por diante. Será que algum dia aquela seqüência de barulho ia fazer algum sentido. Ele escrevia para se aliviar, pois o sangue estava fervendo lá dentro, mas depois pensava nas pessoas, se entenderiam as palavras que ele escolhera, as metáforas. No trecho que estava trabalhando circulou algumas palavras, as que não serviam; eram muitas, não exprimiam o que ele realmente gostaria de dizer, e se tivesse a preguiça de não fazer isso, como poderia se justificar perante ele mesmo. Usar palavras imprecisas. E olhava no dicionário, procurando sinônimos. Seus olhos fixos no papel, que estava mais branco que preto, e significava mais nada que alguma coisa. Não vai fazer diferença algum. E continuava a escrever. “E” depois “n”. Tlec, Tlec, espaço, vírgula e ponto e vírgula. Enquanto mamãe me botava o pijama, e penteava meus cabelos, olhava não para os meus olhos, mas para minha testa; e ela

sem título I

Acordei em uma cama que não era a minha. Meu quarto foi todo mudado; a coleção de livros em uma mão francesa à esquerda, fotografias coladas em um mural metálico - nossa lua de mel em Paris -, nada estava no lugar. Qual foi meu espanto quando ao tocar o chão, não senti o bom e velho carpete bege claro, mas um frio azulejo que devia ser azul claro. Oh não! Meus chinelos do papai, de couro e muito confortável; ele que abraça e massageia todos os meus joanetes. Não havia nenhum relógio nesse quarto, nem espelhos, nem calendários. Muito menos porta... Porta! Não têm porta? Olhou pela janela, e já em primeira analise ela se demonstrou impenetrável, resoluta. Sua paisagem era muito bonita; devia ser o começo do dia e o final da noite. A direita uma escuridão cheia de perigos e em apenas um giro de cabeça o sol iluminando os primeiros pedaços de terra. De uma forma estranha o céu muda para uma cor inusitada. Numa mistura oposta o azul do céu, vermelho do sol, branco das nuvens, milagrosamente

morte em veneza

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Desse modo pensava Aschenbach em seu êxtase, essa era a dimensão do seu sentir. E o marulho das ondas e o brilho do sol teceram a seus olhos uma imagem sedutora. Era o velho plátano próximo aos muros de Atenas - aquela sombra sagrada, perfumada pelo aroma das flores do agnocasto, adornada de estátuas e oblações em honra das ninfas e de Aquelôo. O riacho muito límpido cascateava no cascalho liso aos pés da árvore de ramos estendidos; as cigarras ciciavam. Mas na relva em suave declive, onde se podia estar deitado mantendo a cabeça mais alta, dois homens estavam estendidos, protegidos do calor do dia: um velho e um jovem; um, feio, o outro belo; a sabedoria junto à graça. E entre a amabilidade e gracejos espirituosamente sedutores, Sócrates instruía Fedro sobre o desejo e a virtude. Falava-lhe da cálida emoção que surpreende o homem sensível quando seus olhos se deparam com um símbolo da beleza eterna; falava-lhe dos desejos lúbricos do ímpio e mau que não pode conceber a beleza ao v

litlle tiny shell

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Eu dedico um capítulo da minha biografia a você. Ganhar brilho ela no salão decorado e iluminado. Roda na ponta da sapatilha. E sorri para mim; naquela momento senti minhas pernas bambas e nos meus olhos uma agitação, prontos para chorar a qualquer movimento seu. A boca mais linda, que quando se projetava para meus lábios. Sentia uma vontade de congelar aquela cena para a eternidade. Depois do sexo, ainda mornos, agarrava a ti como se fosse alma gêmea, querendo me fundir contigo, que me sexo e o teu estejam em constante união, para sempre. Nas altas horas da madrugada senti uma vibração na cama; acordei abrindo apenas um olho. Vi sua silheta esguia ao caminho da direita. Um clarão amarelo. "Droga, apaga essa luz!" - pensei. Mas estava tão cansado que logo depois de ser rabugento fui dormir. O dia raiou e o lado esquerdo da cama e do meu peito estava vazio e frio. Frio.

bissoumeemi, a orelha esquerda

Tio Alfredo é o irmão mais velho de minha avó, Noemia. Negro e com poucos cabelos crespos cinza claros. É altivo, apesar de carregar o fardo de 83 anos nas costas, trabalhava na terra, com força bruta. O homem e seu ambiente. O sol desferiu vários raios, fazendo brotar de sua epiderme infinitas manchinhas; algumas escuras outras atingindo até a brancura total, parecia um mosaico. Sempre nas festas de família, ele estava lá. Todo parente que chegava e prontamente se levantava e estendia a mão. O aperto era firme, mostrando que ainda tinha muita força e disposição. Até chegava a incomodar os mais jovens. Logo após o aperto, ainda segurando sua mão, trazia-me para mais perto me dando um abraço. Duro e cheio de espaço. E lá ia ele dar três tapões que ressoavam dentro de mim como um terremoto. -Deus te abençoe, meu filho. Em nome do pai, do filho e do... – ele se afastava, mais ainda me segurando pelos braços. E olhando para o meu fundo. Os seus olhos eram velhos, mal podia se ver dentre

oníricos

Onírico “E digo ótimo porque o fato de sonharmos toda as noite é um vínculo que liga toda a humanidade, numa união, digamos tácita, que comprova também a natureza transcendental do Universo, coisa que os comunistas não acreditam, pois consideram os sonhos irrealidades, e não visões que efetivamente tiveram. Por isso dedico este livro de sonhos às rosas do porvir”. Jack Kerouac Apaga-se a luz, tenta se entrar limpo na cama sem trazer conosco as impurezas do mundo lá de fora – como em um ritual. Agora sim, dentes escovados, hálito fresco e cabelos levemente úmidos. Do momento que a cabeça recosta no travesseiro – aquele teu, velho de infância que até nome tem – e a partir dali não se pertence mais aos mortais. Entra na aventura do mundo simbólico; és agora um ser onírico. Munido apenas de suas experiências e significados ocultos, seguirá esse caminho, reto sem perdão, que lhe é inexorável. Os portais – olhos – estão cerrados, não há como voltar; prepare-se. Os passos inicia

máscara

Ao poucos vou descobrindo que estou triste; respiração por respiração o pesar no meu peito se faz perceber cada vez mais. Antes podia fazer o que quisesse com um olhar ingênuo, despreocupado; hoje, vejo o mundo soturno onde vilões nas esquinas estão a me vigiar. A chuva não doía, agora ela representa as lágrimas que não posso ter, e fico acompanhado as lágrimas percorrem a janela aleatoriamente. Eu deveria ter olhado no fundo dos teus olhos e ver que você mentia, aceitá-la de tal forma. Mas fui bruto, não é? Quis te amar demais, e isso hoje em dia não é de bom tom. Um dia ao caminhar ouvi as árvores dizendo se nome; o vento ia forte contra minha direção, como se quisesse que eu voltasse atrás, percorrer novamente o caminho; sem falhas agora. Então me detive por alguns instantes, tentei dar meia volta para voltar pra ti, mas você não deixou. A parte tua que carrego em mim me impediu, fez isso com a voz triste, porém decidida. “Não, não dessa forma”. O céu nublado, cinza escuro anunciava

amité

Amizade, cousa singela, revestida de amor sublime. Uma vez de mãos dadas, o caminho da vida pode para sempre ser percorrido ao seu lado, na horas boas e más. Não há qualquer coisa de carnal nessa relação, apenas mútua troca de aprendizado e um velho amigo estendido no tapete da sala. "Amizade, amigo Confiabilidade, contigo Verdade, apenas ela, te deigo Lealdade, persigo Caridade, falido Sagacidade, um campo florido Maldade; não tem perigo Falsidade, nunca, não consigo Eternidade, para sempre, seu amigo" Uma homenagem feita a mim pelo um amigo e ex-combatente de guerra. O nome não preciso saber; só a patente e seu sobrenome: Perdição http://poesiaeboemia.blogspot.com/
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à júlia

“ O repuxo, a velha nogueira, seu violino e o mar ao longe, o mar Báltico, cujos sonhos de verão ele podia escutar durante as férias - essas eram as coisas que ele amava, das quais se cercava e entre as quais se desenrolara sua vida interior; coisas cujo os nomes figuram bem em versos e que de fato voltavam sempre a ressoar nos verso que Tonio Kröger às vezes compunha. O fato de possuir um caderno de versos que ele mesmo havia escrito à tona por sua própria culpa e prejudicou-o bastante perante seus colegas e também perante os professores. Por um lado parecia o filho do cônsul Kröger que se escandalizar com isso era estúpido e mesquinho, e por isso desprezava tanto os colegas como os professores, que a falta de maneiras, além do mais, o repugnava e cujas fraquezas pessoais ele descobria com rara perspicácia. Mas, por outro lado, ele mesmo se sentia que fazer versos era algo extravagante e, para dizer a verdade, inconveniente, e era forçado a dar alguma razão a todos que considera

já tá engatinhando

o blog de Bassáltamo completa 2 anos.

tava tudo ali no clube da esquina

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Milton Nascimento e Alaíde Costa - Me deixa em paz Se você não me queria Não devia me procurar Não devia me iludir Nem deixar eu me apaixonar Se você não me queria Não devia me procurar Não devia me iludir Nem deixar eu me apaixonar Evitar a dor É impossível Evitar esse amor É muito mais Você arruinou a minha vida Me deixa em paz Se você não me queria Não devia me procurar Não devia me iludir Nem deixar eu me apaixonar Não devia me iludir Nem deixar eu me apaixonar