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Showing posts from February, 2007

um cara gente boa que só gostade marfim

Num entardecer especialmente romântico, o céu de um azul turquesa que era intercalado por nuvens magras, que pareciam a fumaça solta de um cigarro, a lua estava de uma prata límpida. Eu estava com as pálpebras pesadas, um pouco febril até. Ela falava comigo com muita dificuldade, como se cada palavra soltasse uma lágrima que lhe percorria a face e lhe ardia; suas mãos nervosas seguravam as minhas com uma força delicada. Mexia nos cabelos constantemente, percebi que seus olhos estavam mais escuros, pois as olheiras, marrom terra, escureciam não só os olhos, mas toda ela. Fez-me um afago demorado e aproximou seu rosto ao meu, e senti que sua pele estava morna e molhada, e ao dar um beijo pude sentir o gosto salgado. Limpei suas lágrimas e ela se foi; pegou minha mão, e foram se separar apenas no último toque possível. Não poderia haver jeito melhor de acabar tudo.

partiu mesmo

A manhã estava terrivelmente seca, sentia as melecas moles se transformarem em concreto, mas ele gostava. Era um de seus hobbies: tirar meleca do nariz. Apesar de todas as advertências que se pai já lhe dera sobre o quão feio era aquilo. Mas o prazer era tão bom, e melhor ainda era olhar os formatos loucos que elas saiam. Umas eram dura e douradas, outras mais viçosas. Tinha uma técnica que ele achava infalível; primeiro, ele fingia que estava coçando o nariz, e dava uma pequena futucada só para saber a localização exata e depois com um golpe ágil e certeiro a pegava com a ponta do dedo indicador. Algumas vezes elas não saiam completamente, exigindo uma nova investida; mas isso não era comum. Quando estava sozinho, fazia uma bela limpeza no salão, vasculhado minuciosamente, enfiando o dedo, até chegar perto do buraco que há no fundo do nariz, o que causava uma irritação detestável e uma vontade incontrolável de espirrar. Ele rumava a escola, vendo o céu limpo, sem nen

de você para você

Sai-se muito para pensar quando o mar está próximo. Ele tem qualquer coisa de bom ouvinte; faz uma massagem boa nos ouvidos, com seu barulhinho bom com seu vai-e-vem infinito, espalhando os problemas na espuma branca. É relaxante, por isso o sono vem mais gostoso. Os pés pisando na areia fofa, arqueando um pouco andar, te faz ficar fora de si para olhar-se com um distanciamento maior. Esse aí sou eu? O vento praiano não toca, se faz perceber; toca a face, e os cabelos e empurra para trás – convida para seguir se caminho, percorrer toda a costa. O olhar é de meia guarda, pálpebras protegendo os olhos. As mulheres caem no encanto e vão deitar na solidão do fundo do mar, o coração pára, e de repente, se faz presente dando o tempo da sua vida. E elas vão deitar, sem o peso nas costas. Olhou o vento vindo em direção contrária, e ele numa curva suicida, voltou para empurrar Fausto, para onde ele devia ir. Os coqueiros à esquerda, longe, com as folhas no ombro correndo para um lugar melhor.