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Showing posts from June, 2007

litlle tiny shell

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Eu dedico um capítulo da minha biografia a você. Ganhar brilho ela no salão decorado e iluminado. Roda na ponta da sapatilha. E sorri para mim; naquela momento senti minhas pernas bambas e nos meus olhos uma agitação, prontos para chorar a qualquer movimento seu. A boca mais linda, que quando se projetava para meus lábios. Sentia uma vontade de congelar aquela cena para a eternidade. Depois do sexo, ainda mornos, agarrava a ti como se fosse alma gêmea, querendo me fundir contigo, que me sexo e o teu estejam em constante união, para sempre. Nas altas horas da madrugada senti uma vibração na cama; acordei abrindo apenas um olho. Vi sua silheta esguia ao caminho da direita. Um clarão amarelo. "Droga, apaga essa luz!" - pensei. Mas estava tão cansado que logo depois de ser rabugento fui dormir. O dia raiou e o lado esquerdo da cama e do meu peito estava vazio e frio. Frio.

bissoumeemi, a orelha esquerda

Tio Alfredo é o irmão mais velho de minha avó, Noemia. Negro e com poucos cabelos crespos cinza claros. É altivo, apesar de carregar o fardo de 83 anos nas costas, trabalhava na terra, com força bruta. O homem e seu ambiente. O sol desferiu vários raios, fazendo brotar de sua epiderme infinitas manchinhas; algumas escuras outras atingindo até a brancura total, parecia um mosaico. Sempre nas festas de família, ele estava lá. Todo parente que chegava e prontamente se levantava e estendia a mão. O aperto era firme, mostrando que ainda tinha muita força e disposição. Até chegava a incomodar os mais jovens. Logo após o aperto, ainda segurando sua mão, trazia-me para mais perto me dando um abraço. Duro e cheio de espaço. E lá ia ele dar três tapões que ressoavam dentro de mim como um terremoto. -Deus te abençoe, meu filho. Em nome do pai, do filho e do... – ele se afastava, mais ainda me segurando pelos braços. E olhando para o meu fundo. Os seus olhos eram velhos, mal podia se ver dentre

oníricos

Onírico “E digo ótimo porque o fato de sonharmos toda as noite é um vínculo que liga toda a humanidade, numa união, digamos tácita, que comprova também a natureza transcendental do Universo, coisa que os comunistas não acreditam, pois consideram os sonhos irrealidades, e não visões que efetivamente tiveram. Por isso dedico este livro de sonhos às rosas do porvir”. Jack Kerouac Apaga-se a luz, tenta se entrar limpo na cama sem trazer conosco as impurezas do mundo lá de fora – como em um ritual. Agora sim, dentes escovados, hálito fresco e cabelos levemente úmidos. Do momento que a cabeça recosta no travesseiro – aquele teu, velho de infância que até nome tem – e a partir dali não se pertence mais aos mortais. Entra na aventura do mundo simbólico; és agora um ser onírico. Munido apenas de suas experiências e significados ocultos, seguirá esse caminho, reto sem perdão, que lhe é inexorável. Os portais – olhos – estão cerrados, não há como voltar; prepare-se. Os passos inicia

máscara

Ao poucos vou descobrindo que estou triste; respiração por respiração o pesar no meu peito se faz perceber cada vez mais. Antes podia fazer o que quisesse com um olhar ingênuo, despreocupado; hoje, vejo o mundo soturno onde vilões nas esquinas estão a me vigiar. A chuva não doía, agora ela representa as lágrimas que não posso ter, e fico acompanhado as lágrimas percorrem a janela aleatoriamente. Eu deveria ter olhado no fundo dos teus olhos e ver que você mentia, aceitá-la de tal forma. Mas fui bruto, não é? Quis te amar demais, e isso hoje em dia não é de bom tom. Um dia ao caminhar ouvi as árvores dizendo se nome; o vento ia forte contra minha direção, como se quisesse que eu voltasse atrás, percorrer novamente o caminho; sem falhas agora. Então me detive por alguns instantes, tentei dar meia volta para voltar pra ti, mas você não deixou. A parte tua que carrego em mim me impediu, fez isso com a voz triste, porém decidida. “Não, não dessa forma”. O céu nublado, cinza escuro anunciava

amité

Amizade, cousa singela, revestida de amor sublime. Uma vez de mãos dadas, o caminho da vida pode para sempre ser percorrido ao seu lado, na horas boas e más. Não há qualquer coisa de carnal nessa relação, apenas mútua troca de aprendizado e um velho amigo estendido no tapete da sala. "Amizade, amigo Confiabilidade, contigo Verdade, apenas ela, te deigo Lealdade, persigo Caridade, falido Sagacidade, um campo florido Maldade; não tem perigo Falsidade, nunca, não consigo Eternidade, para sempre, seu amigo" Uma homenagem feita a mim pelo um amigo e ex-combatente de guerra. O nome não preciso saber; só a patente e seu sobrenome: Perdição http://poesiaeboemia.blogspot.com/