Posts

Showing posts from January, 2007

adagio

Na curva celeste era onde você deveria me esperar. O dia haveria de ser iluminado, como na hora em que Deus falou: “Que haja luz!”. A cornetas tocariam em harmonia indo a seu encontro, te falar que eu te espero, paciente, onde me deixou. Sim, está frio e chove fino, sua falta me fez chorar e com meu choro vem a chuva; fina por que meu choro é contido, escondido. Tenho vergonha! Digo isso agachado; com as gotas misturadas às lágrimas escorrendo na ponta do meu nariz. Já nem posso me ver, embaixo de mim se formou uma poça composta de uma trindade magoada: dor, sangue e vento. Vento que sai para os quatros cantos uivando por ti. Caem nessa poça as minhas lamúrias, ao tocar uma gota, círculos concêntricos se formam tampando minha face; quanto mais tento olhar, mais sou deformado. Irado, pulo repetidas vezes até que a possa se espalhe e agachado novamente começo a babar e como o elástico de saliva pendendo em minha boca, eu blasfemo o amor.

sonhei com você

Felipe, mas conhecido como Pingüim. Era tranqüilo, olhar sereno e complacente. Sempre foi muito humilde. Seu lance era o saxofone, e aquele que fala alto, em mi bemol, que faz loucuras. Na verdade ele era da praia, bahiano, de Salvador. Carlos Augusto, nome de seu velho pai, feio como um cão rabugento, mestre de obra; era forte por causa disso. Não entendia essa tal de música e aquelas figurinhas que o filho tanto lia. Achava que o som parecia o choro do filho, e que ele não gostava de ver filho nenhum dele sofrer. Talentoso que era, logo ele procurou uma banda. Tocavam nos bailes, mas sempre uma coisa meio brega, aonde seu sax ia rasgando. Queria uma coisa mais coo l. Quem havia lhe dado o instrumento foi o vó João, que gostava de música, pediu pro neto escolher o mais bonito e brilhante. Ele escolheu o saxofone, ele era todo de ouro. Morando em uma Salvador agitada, ia todos os dias para os hotéis mais fino, vestindo um terno da Vila César, comprado a sei lá quant