carta de suicídio nº5
Com sol e chuva, eu chorava. Via-me estranhamente delineado no espelho do banheiro baforento. Cheio de vapor. Meus olhos eram apenas framboesas vermelhinhas, de resto era uma olheira vergonhosa. Pior do que de bêbado. Pior que de puta. Os meus cabelos estavam úmidos, e eu, e eu compulsivamente passávamos a mão neles. Em entre risos e risadas e imensas sessões de choro convulsivo. Cantando Clube da Esquina. Cheirar teus cabelos cacheados, como os meus. De me questionar da forma abrupta que seria. Mas eu dedicadamente queria ser um predestinado a viver pouco. Ousei dar uma risada mórbida com Álvares de Azevedo, o mestre dos cães. Tomei os comprimidos bem devagar, meticulosos, um, dois, três, quatro, um pó, acompanhado de goles de vinho barato. Era a hora do homem ir se encontrar com sua negritude mais impenetrável. Os olhos não se acostumam jamais. Tateei. Meus pés, eles pisam cuidadosos, nunca andaram naquele terreno.Solito, com as mãos tapeadoras, tapeadoras, até encontrar um chão on...