solidão em um sexta à noite

Fausto estava no bar fazia tempo. Olhava para a porta de entrada na esperança de encontrar o rosto amigo, que em breve, esperava Fausto, fosse um rosto de amante. A bebida quando se esta sozinho se torna mais amarga, porém mais inebriante. Não esperava compaixão, que dissesse logo o que queria, sem rodeios. Ao se deparar de frente com a solidão de forma sólida, se percebe o tanto que um ser humano pode infringir a si mesmo, sem dó, como seu pior inimigo.

As horas do fim da tarde se tornavam rapidamente as depressivas horas do começo da noite, onde as possibilidades estão à mostra, mas sem qualquer definição. E virava mais um gole, como se fosse um fardo enlouquecer sua cabeça, que de tanto enlouquecida se tornava dia após dia  mais difícil de tirar do sério.

A conversa das outras mesas ficam interessante, Fausto tenta focalizar seu poder auditivo para a vida alheia. Comparava com a suas e fazia a média. No final de suas contas tendenciosas sempre falava: Não estou tão mal assim! E tornava galgar pelas escusas vias da negação. Suas mãos desastrosas se tornam tentáculos de lula, derrubando todos os copos e sujando de vinho tinto a mesa tão branca. E é justamente nessa hora que sua acompanhante chega. Um pouco esbaforida, um tanto suada, mas por fim, encantadora.

Ao se aproximar-se deu um sorriso e um beijo na bochecha. Sentou-se de frente para Fausto, e com a pernas comportadamente fechadas e com sua bolsinha minúscula preta entre elas, calmamente, acendeu um cigarro. Puxou com se fosse o melhor pirulito que pode ser chupado.  E perguntou sobre seu dia. Seria burrice se ele falasse que pensou nela cada minuto ate aquele encontro, decorou quatro poemas lindos, e lhe comprou rosas e deixou no carro, caso ela quisesse ser sua dama da noite.

Pediu outra coisa para beber, falava que gostava de bebidas doces, e pediu ao garçom um vermute com soda gasificada, falando o nome: sparkling dandi como se vivesse num festa de Scott Fitzgerald. Mimada e esperta. Apenas uma vez tinha lhe dado um beijo no canto dos lábios, com intenção, prometendo mais ao decorrer da noite. Mas como fumaça desapareceu e se escutou notícias depois.  Achava Fausto um tipo único, sabia disso, idolatrava toda sua aura misteriosas, seu trabalho, seu gestos grossos e impensado. Mas franzindo as sobrancelhas, como se desse um sermão, apontou-lhe o dedo, se fez de séria e disse: Mas não para passar a mão na minha barriga quando estiver grávida. Para isso não Fausto! “. Apagou o cigarro bruscamente e saiu. Nesse momento Fausto pensou em matar mãe e filho naquele momento, com uma punhalada na barriga, para deixá-la estéril. Só esse pensamento o arrepiou a noite inteira. Afinal, ela era sua amiga, nada mais que aquilo, como ela fez questão de lembrar. Assumiria o filho, mesmo que não fosse seu. Largaria tudo num piscar de olho. Não pensava na remota possibilidade de ser amigo de uma mulher que amava, preferia tudo menos aquilo, todos os dias. Tudo isso, acumulado com o imenso fardo de existir levaram Fausto para um caminho sem volta. Na encruzilhada falou com o Mefistófeles, não deveria. Mas ele mostrou um ombro amigo e ouviu todas as queixas de homem ordinário, que nada mais faz que aceitar a vida no mundo, no planeta terra. Foi oferecido o caminho mais fácil, evidente, movemos nossa felicidade na Duvida de conseguir pelo caminho menor, menos trabalhoso. Vendeu sua alma, toda vez que matasse sentiria ao invés de remorso a mais pura das satisfação, sentimento de orgulho. Adeus! Ao final o contrato tem que ser cumprido e você Fausto irá queimar no fogo do inferno, se é que ele existe.

 No final  a vida acabou Deixando o nosso pobre diabo abandonado no escuro da sala, dia após dia indo para o lado mau do ser humano.    

Comments

Popular posts from this blog

2 0 0 9 20 0 8 0 6 crisanta

Seiva Bruta

VoltaatloVoltaatloVoltaatloVVoltaatloVoltaatloVoltaatloVVoltaatloVoltaatloVoltaatloV