dente-de-leão


O que ele acha da coisas, das pequenas coisas. O Céu claro mostra o dia vindouro, querendo transparecer, transparecer por entre as janelas escuras desse quarto cheio e vazio. Móveis, tudo aqui é de madeira, coisas jogadas no chão, como que por acaso, formam um delicada bagunça. O choro vem da televisão, o chiado intenso tira o pensamento puro, revolucionário. A água era quente e virou fria, assim, do nada. Termodinâmica. Anda pelo corredor da vida, seu prédio empoeirado nada mais faz que existir, impor sua presença diabólica sobre o mundo. Por entre os becos, as artes estão nas ruas, mas, no cotidiano Maçante, tudo quer resplender, a famosa vida cinza.
No remelo dos olhos, as solidão do dia anterior. Cercado de fantasmas, como um mediúnico, se sente perdido na vastidão do mar. Mas aqui não tem mar! Olha o céu, com cuidado para não perder nenhuma nuvem colorida. Quando fala, relembra o passado virtuoso que não existiu, uma estória mal contada. Vive a vida pela janela, sangrando pelo nariz e coração. Fazendo o trabalho sujo dos outros, pegando o que não é seu. O telefone toca de forma intermitente. Não está para ninguém hoje, apenas para ele mesmo. Não consegue se comunicar com os segredos escondido no fundo de sua mente. A grosseria das palavras ditas após o tiro, acertando e cheio o alvo indefeso. Literalmente, a vida vai se esgotando; os radicais livre, mas perversos que nunca.
Ele, sentado em uma cadeira a meia luz, digere as notícias do dia. Ele é você, mas pior, mais mal, mais animal. Esperando que um dia a morte venha acompanhá-lo ao inferno, se tal cousa existe. Ele ri da fé cega, ri das coisas cegas, batendo nas paredes e quinas. De propósito ele deu uma rasteira na vida de muitas pessoas, que propositalmente ele se esquece.
Bebe e se droga para agüentar mais um dia, por que o faz? Já não sabe, humano que é, imundo que é, se apega facilmente a hábitos ruins. Ouvindo a musica do virtuose, seu Cérebro se excita desse prazer maléfico. Gosta de blasfemar as coisas, as instituições. No começo fazia pelo dinheiro, agora faz pelo prazer. Característica muito apreciada no mundo real. Se abaixa pra virar animal, escore por entre os rejuntes do banheiro, formiga que é sobre pelo vaso, quando da descarga, se tem abaixado para fora da possibilidade da descarga. Levado, assoprado como são os dentes-de-leão, em muitos pedaços, pra fora da unidade, e para se constituir complexo, pleno em suas milhões de partes. Algumas lindas, belas e sinceras, outras nem tanto.
O plenitude é uma farsa, a temperança é perfeita, porém inatingível. Ele não consegue o meio termo. É só mais um, esperando o meteoro que sonha todas as noites, atingir a terra e acabar logo com isso. Milagres? Milhares deles atingindo a grama pioneira, queimando na quentura da lava, na quentura do cigarro aceso contra sua pele Alva, agora negra, enegrecida, arroxeado, imperfeita, perfeita sua dor. A explosão acontece antes, sua vinda, seu barulho, antes. Comendo bananas com o Pirata, delirando de sabor com a fruta que não tem semente, mesmo no meio de tudo isso, de todo essa magnitude, esse apogeu humano, o que vai fazer quando aquele dia chegar?

Comments

Poeta Punk said…
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Poeta Punk said…
quem é esse!? Nós! um pouco de cada um de nós que reclama da vida que na verdade não é bela!
Começo fantástico com contradiçoes incrivéis!
Parabéns irmão cada dia gosto mais do que escreves!

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