epifania ególatra




O som é envoltório gasoso que suplanta a racionalidade e dá lugar ao sublime. Os olhos vedados, como em um reza, passa a paz e júbilo pleno. Não vou mais acreditar em homens e seus papeis. Eu preciso disso. E quando eu, finalmente, te encontrar? A minha metade, ali, frente a mim, Linda como um anjo. O meu futuro parece promissor, por traz desse céu aberto, eu estou dançando. Bailando com o infinito prateado pelo resto de minha vida. E eu, digo, eu. Eu digo, digo, você é meu amor. Flutuando com o ar, ao condão do vento, vou em frente. Grito: Calma. Com os pulmões cheios de ódio. A contemplação da vida, natimorta. O reflexo da água, por entre os rios. As plumas morrendo em ti. Volta, volta, volta. O relógio tic tac, e meu…
Relaxe na poltrona. Acomodo-se e lei isso. Prenda seu cabelo, gosto deles assim. E isso, sou eu olhando para você, encantado. Eu vou falar com a lua, e olhar nos olhos de todos, eu prometo. Longe da nossa vã compreensão, os astros brincam de amor eterno, rolando alheio no paraíso. Universo Paralelo no teto da minha cabeça. E a cavalaria indo batalhar, eu prefiro a paz. Agora vejo claramente, o nascer do sol, a felicidade gratuita . Humilde, com os pés descalços, lhe peco que me aceite, como teu. Para sempre luz em teu caminho, agora te vejo pelas costas. Sofro, meu coração se despedaça em um crescente soluço de voz tristes. Grito, grito teu nome em silencio na escuridão vazia.

Não converso com ninguém, possuo todas as palavras nunca antes escritas. Vejos as peles nunca antes vistas. Em mim, carrego o ser, o lobo. Veja, não sei como dizer, sempre rezei por ti. Senti o peso da arrogância, leve no ar, pesado no coração. Peco teu perdão, diga que foi sem querer. Eu...

Queria espairecer, e que lugar melhor para fazê-lo que a imensidão do mar. Contava de sua casa à praia uns cem passos.A noite ia mansa, quase imperceptível, na rua só o barulho de seus pés e o vento praiano - que como criança é indeciso, rumava e soprava para todas as direções, mudando ao seu bel-prazer. No caminho, quase que como miragem, viu em um terreno baldio um cavalo alvo; que por capricho, contrastava com o negro da noite. E a lua era cheia, prata que é reluz; reluzia tanto que dava até sombra a esse notívago inquieto. Mal percebeu que já estava defronte ao seu destino. Deixou os pés nus e entrou na reflexão que daria paz ao seu espírito. A areia estava fofa, e era com dificuldade e com as pernas arqueadas que transitava praia adentro. Mas não demorou a areia se encontra-se úmida e compacta, e assim facilitando a caminhada. A maré era cheia, e a lua estava lá atrás, do lado oposto ao mar, o puxando - e como o mar é obediente só a ela a seguia, e por isso estava tão avançado. De quando em quando, a dama da noite ia se encontrar atrás das nuvens, que nem pareciam nuvens; mas sim fuligem de carvão, pois elas empretecem para não chamar a atenção a si; a noite é um monólogo. No caminhar andava tranqüilo, apenas a pensar, pensar em coisas futuras, assim como a cabocla previu aso irmãos apóstolos - Pedro e Paulo - da Senhora Natividade. Mas não tão certo como o deles, as coisas futuras deste cá; eram indefinidas, e daí a angustia, o mal-estar. Podia andar por toda a enseada, por todo céu, que não faria a dúvida sair de seu pensar. As horas já iam longe; resolveu retornar. Deu adeus e aplaudiu o espetáculo da única atriz da hora, que estupefata, já ia deixando seu turno e com ele o mar - seu fiel lacaio. No retorno viu o mesmo cavalo branco (que lutava por seu papel na trama) e o escutou a relinchar. Entendeu ao seu modo; o caminhar e relinchar. E era fácil assim viver, apenas um passo após o outro, sempre a falar - ou relinchar, como queira.

O que há de ser então, esse homem fumante de olhos azuis? De começo digo que são pessoas que não irão ser lembradas, e nem servem para isso, por seus nomes - Pedro, Fábio, Fernando -, muito menos seus sobrenomes. Vão ser lembrados apenas como tais: senhor fumante de olhos azuis. Mas não é uma adjetivação que se consegue na puberdade e tão pouco na vida adulta. A trajetória se dá nessas fases da vida - como fumando o primeiro cigarro, já é claro, tendo os olhos azuis -, mas é em seu final que se recebe o tipo. Entre ele e os colegas não se vê diferença alguma, são púberes experimentando o ilícito, a tragada do prazer, que alguns não irão largar nunca. Fumando escondidos com uma mão no bolso da jaqueta e o outro com a cigarrilha entre os dedo, com as maças rosas cabelos cortados no meio e a doce tontura das primeiras tentativa. Já na vida adulta irá fumar por vício, necessidade, sem ter tanto destaque em um bar cheio de névoa branca acompanhado de alguma bebida. E então; quando é que se adquiri, e é essa a palavra, o tipo senhor fumante dos olhos azuis? É justamente quando se atingi, integral ou parcialmente, os cabelos grisalhos ou totalmente brancos. A cara já não é lisa como antigamente, tão pouco as maças rosadas se encontram lá, dando lugar a uma pele maltrata pelas repetidas dança da lâmina de barbear. Encontra-se a boca não mais avermelhada, mais sim de um roxo, ou melhor, violeta, dando aos olhos azuis o destaque merecido - aquele que esperou trinta ou quarenta anos para alcançar. Os dentes amarelos completam a fisionomia; estando completo agora o senhor fumante de olhos azuis. Não se diferem, como disse antes, por qualquer característica se não essa. E quando vier a falecer, e os olhos se fecharem pela última vez, perderá esse título, dando lugar ao outro que vêm, pois já estão em formação, lá em um beco atrás da escola, ou fumando tocos, bimbas, eles estão vindo, os dignos senhores fumantes de olhos azuis.

Quando ele começou a ficar louco? Quando começou a pensar grande demais. Não pensava mais nas paredes de sua casa, nos quadros perdurados tortos. Pensava nos movimentos da estrela e no pó estelar. Ao andar, não queria percorrer um ou dois quilômetros; queria andar em ano-luz. Suas perspectivas das coisas começaram a ficar: imensas, impossíveis. O tremor de suas mãos estava por demais forte para que ocultasse. Olá boa tarde, como vai? - lhe perguntavam. Seus olhos iam imediatamente para o canto superior de seus olhos e ficavam suspirando. Dois ou três desses eram necessário para que ele falasse de uma multidão, de um abstrato colossal de movimentos épicos, andando em imensos blocos de granito preto. Vê aquele lago, onde em sua superfície compunha-se toda a realidade ao contrário, meio aquosa? Cada molécula um dia já pertenceu a algo completamente diferente. E os elétrons que brincam de pular corda o tempo inteiro, e dão gritos iluminados - literalmente - de prazer. Com um suspiro também finalizava. Sentava-se em sua cadeira dura de madeira clara, para contemplar o céu e as nuvens. Como gostava de suas texturas. Tinham um olhar tão bondoso e um sorriso cativante. Acho que guardou toda a sua felicidade para os últimos dias. Quando era jovem era muito rígido, em todos os aspectos. Chegava em casa e comia como se estivesse com raiva, descontando na colher todo o ódio que tinha. Era tudo culpa do papel e dos homens metódicos. Tudo tinha meticulosamente medido. Se eu fosse contar a história da vida dele, você não iria se interessar foi um escriturário por 20 anos. O que há de interessante nisso? O que merece menção, são os 2 anos que passou internado em um clínica, já em estágio avançado de neurose, falando muito bem do universo e seus mistérios. Dos cinturões, e galáxias e dos seres que nelas viviam, de um jeito diferente do nosso, apenas assim, diferente. De como viviam os sentimentos, e a sensibilidade - que era a língua que falavam -, havia sido esquecido. E ele era seu fiel tradutor. Falava como uma oratória muito boa, e passava confiança ao dizê-lo. Ei vó, me dá um beijo. - disse a netinha. De repente, ao ouvir isso, seu olhos flutuantes no canto superior se baixaram. Do nada sua boca começou a tremer de modo compulsivo. Parecia viver um pesadelo em vida, mas a netinha o trouxera de volta. Assim, dessa forma tão simples? Sim; não mais que de repente ele voltou. Deu um beijo em sua netinha e nunca mais falou nada. Morreu calado, casto. Sem poder fazer amor com as belas ninfas ou conversar sobre as grandezas de tudo com os grandes chefes e seus olhos nunca mais ousaram ser pensativos e detalhistas. Era tudo bobagem, não é? A realidade era infelizmente real.

E por essas veias, que olhava enquanto batia em cada letra no teclado. Um “p”, depois um “e” e assim por diante. Será que algum dia aquela seqüência de barulho ia fazer algum sentido. Ele escrevia para se aliviar, pois o sangue estava fervendo lá dentro, mas depois pensava nas pessoas, se entenderiam as palavras que ele escolhera, as metáforas. No trecho que estava trabalhando circulou algumas palavras, as que não serviam; eram muitas, não exprimiam o que ele realmente gostaria de dizer, e se tivesse a preguiça de não fazer isso, como poderia se justificar perante ele mesmo. Usar palavras imprecisas. E olhava no dicionário, procurando sinônimos. Seus olhos fixos no papel, que estava mais branco que preto, e significava mais nada que alguma coisa. Não vai fazer diferença algum. E continuava a escrever. “E” depois “n”. Tlec, Tlec, espaço, vírgula e ponto e vírgula.
Enquanto mamãe me botava o pijama, e penteava meus cabelos, olhava não para os meus olhos, mas para minha testa; e ela sorriu, e eu sorri de volta. Esperava que tivesse uma boa noite de sono, sem pesadelo. Sua boca ficava meio torta e aberta, como se estivesse fazendo movimentos difíceis de controlar e para facilitar segurava meu queixo firmemente para manter meus olhos curiosos longe todos os cantos de meu quarto. Finalmente quando acabou, me pegou em seus braços e estirou meu corpo em minha cama, que estava um pouco fria. Ela me olhou nos olhos, passou a mão em meus cabelos e deixou bagunçados, mas ela não agüentou muito tempo e pegou o pente na cabeceira para alinhá-los de novo. Cantou uma canção, em inglês. Não é só minha mãe, mas toda mulher quando quer soar terna canta deliciosamente bem:
-“You know, let it shine trought. You can let shine if you want to. Uhôô. Let it shine. Sometime, you gotta to let it shine, let it shine trought. Let it shine trought. Uuuu. Hey Uhuu”
E meus olhos iam abandonando a clareza enquanto ouvia sua voz cada vez mais distante, e que, em meus últimos segundos de consciência só ouvia o vogal “u” saindo de forma graciosa daquela boca; que em seguida me beijou todo e foi em embora. Plic, apaga a luz. Ploc, fecha porta
- Boa noite, meu anjo, dorme com Deus.
- Boa noite, mãe.
Plic, apaga a luz. Ploc, fecha porta. Você está indo embora para todo o sempre?
Tlec, Tlec, Tlec. E ponto. Ou não?
Acordei em uma cama que não era a minha. Meu quarto foi todo mudado; a coleção de livros em uma mão francesa à esquerda, fotografias coladas em um mural metálico - nossa lua de mel em Paris -, nada estava no lugar. Qual foi meu espanto quando ao tocar o chão, não senti o bom e velho carpete bege claro, mas um frio azulejo que devia ser azul claro. Oh não! Meus chinelos do papai, de couro e muito confortável; ele que abraça e massageia todos os meus joanetes. Não havia nenhum relógio nesse quarto, nem espelhos, nem calendários. Muito menos porta... Porta! Não têm porta? Olhou pela janela, e já em primeira analise ela se demonstrou impenetrável, resoluta. Sua paisagem era muito bonita; devia ser o começo do dia e o final da noite. A direita uma escuridão cheia de perigos e em apenas um giro de cabeça o sol iluminando os primeiros pedaços de terra. De uma forma estranha o céu muda para uma cor inusitada. Numa mistura oposta o azul do céu, vermelho do sol, branco das nuvens, milagrosamente vira um branco amarelado, mas bem de leve: cor de melão. E lembrei que me casei em um dia assim.
Com o passar do tempo à monotonia me fez ficar meticuloso, olhava detalhadamente para todos os cantos do quarto. Depois de deixar de achar engraçado e de ter mandado pra puta que pariu todo mundo, de ter gritado até ouvir minha voz sumir e ficar rouca. Rasguei esse pijama que não era o meu. O que eu tinha posto pra dormir na noite anterior era de seda pura preta, um presente de minha filha. O que eu acordei foi um de algodão da merda confecções, que qualquer pobre pode botar no corpo depois de se banhar com leite de rosa. Aquele gosto azedo me dá ânsia de vômito. Dei uns bicudos na janela, mas não adiantou. Minha força foi entregue a mim novamente.
Comecei a ter umas coceiras na minha cabeça, cocei meu coro cabeludo, mas não parava, e as cócegas se tornavam cada vez mais insuportáveis. De repente me dei conta que ela tava dentro. Dentro de mim, da minha cabeça. Achei divertida a idéia de bater minha cabeça no chão e esmagar essas coceirinhas. E ri. Bang bang bang.


A cidade é brava
Ela é valente
Faz todo mundo ficar com medo de
Gente, bicho, pessoa, isso, lixo
Eu quero olhar nos seus olhos
E ver que você mente


Conchinha

Eu dedico um capítulo da minha biografia a você. Ganhar brilho ela no salão decorado e iluminado. Roda na ponta da sapatilha. E sorri para mim; naquela momento senti minhas pernas bambas e nos meus olhos uma agitação, prontos para chorar a qualquer movimento seu. A boca mais linda, que quando se projetava para meus lábios. Sentia uma vontade de congelar aquela cena para a eternidade. Depois do sexo, ainda mornos, agarrava a ti como se fosse alma gêmea; querendo me fundir contigo, que meu sexo e o teu estejam em constante união, para sempre. Nas altas horas da madrugada senti uma vibração na cama; acordei abrindo apenas um olho. Vi sua silhueta esguia a caminho da direita. Um clarão amarelo. "Droga, apaga essa luz!" - pensei. Mas estava tão cansado, que logo depois de ser rabugento fui dormir. O dia raiou e o lado esquerdo da cama e do meu peito estavam vazios e frio. Frio.
O arrepio vem de todo lugar. A cama é rosa, a cama também, e os lençóis. Ainda está de dia e a cortina deixa passar o sol morto das cinco da tarde. Ela tirou apenas a camisa, para facilitar para mim que estava muito nervoso. Apenas passava a mão em sua barriga, forte, agarrava e apertava a camisa e deixava-a muito amassada. Minha mão ia contra o tecido e sentia sua quentura, sua umidade; mas não tirava nada - parecia mais um cachorro enquanto core para um carro, latindo feroz; quando este pára, se vê confuso. Ela botou a mão em meu peito, fazendo um carinho e me afastou, ou melhor, se afastou; e quando fui como um animal ele me parou, me afastou. Olhou no fundo dos meus olhos e abaixou a cabeça, e seguiram seus cabelos que obedientes caíram também. Ficava fazendo biquinho enquanto abria a porta para o paraíso. Era moreno e tinha a barba por fazer. Precisava dele em mim. E enquanto beijava meu peito mordiscando eu me tocava de modo brutal. Sua mão ia como uma caneta rabiscando-me toda de vermelho; escrevia: puta, lasciva, mulher, safada. Contornou com a mão suave meu umbigo e me disse: "Para sempre". E eu virei, caprichosa e manhosa. E quando me dei conta e já estava dentro de mim. E ela pediu: "Vem, vem aqui" - e eu olhava para baixou envergonhado, e ela sorria feliz. Puxei suas calças; sua perna lisa que esperneava dançava para se ver livre daquilo tudo. Quando cheguei ao fim, até jogar sua calça de lado, subi novamente, com a ponta da minha língua molhando meu caminho. Subi em cima dela para que sentisse meu peso. Ficou com a fase avermelhada, mas deu uma risada soltando o ar todo e ficou confortável naquela posição. Por segundo fiquei por lá. Ela tirou alguns fios soltos da cara; linda. E o natural se fez.
Na curva celeste era onde você deveria me esperar. O dia haveria de ser iluminado, como na hora em que Deus falou: “Que haja luz!”. A cornetas tocariam em harmonia indo a seu encontro, te falar que eu te espero, paciente, onde me deixou. Sim, está frio e chove fino, sua falta me fez chorar e com meu choro vem a chuva; fina por que meu choro é contido, escondido. Tenho vergonha! Digo isso agachado; com as gotas misturadas às lágrimas escorrendo na ponta do meu nariz. Já nem posso me ver, embaixo de mim se formou uma poça composta de uma trindade magoada: dor, sangue e vento. Vento que sai para os quatros cantos uivando por ti. Caem nessa poça as minhas lamúrias, ao tocar uma gota, círculos concêntricos se formam tampando minha face; quanto mais tento olhar, mais sou deformado. Irado, pulo repetidas vezes até que a possa se espalhe e agachado novamente começo a babar e como o elástico de saliva pendendo em minha boca, eu blasfemo o amor.

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