Fausto


Sinto vontade de voar por acima desses prédios baixos. Contemplar por entre as nuvens, esse avião modernista, cidade de concreto e ruas oleosas. Vou pular desse aeroplano, cair solto em direção à terra, caindo a dez metros por segundo. Já começo a sentir saudades gloriosas. Por tanto tempo, fui não mais que um observador, alheio às vontades alheias. Andando, cegamente, com meu ego por aí. Em uma esquina, rara como um cometa, encontrei meu desejo. Coberta de mel puro, eu me ajoelhei diante de ti, servo seu, que obedecia todas as ordem. Morria por horas, botava as flores. Eu estou voando, agora, de olhos fechado, chorando. Eu cuspi na minha cara no espelho, tirando todo o orgulho do coração velho e cansado. E, se eu pular, vou ver os olhos da águia; se você mira para as estrelas que irá me acertar, pois eu sou puro, como o mel que cobre seu corpo, açucarando a essência sagrada da tua verdade, que por hora mentirosa, supre o meu pesar. Pai, eu fiz e faria de novo. Ao contrário, minha vida é um sonho, uma alvorada cor de melão . Vejo nua tuas falhas, e por decência, escondo de você. Falho que sou, humano que sou, animal que reprimido, urge de tempo em tempos. Voado com Ícaro, contemplo a vida nessa cidade, onde você vai para os mesmos lugares, falar com as mesmas pessoas, sobre as mesmas coisas. Mas digo, já sinto saudade, mas preciso esquecer das imagens. As vezes. eu falho, me ajoelho de dor, um tostão que tomei. Apunhalado por duas pessoas que usaram o mesmo punhal, rasgando o ser e liberando o lobo da estepe. Bicho solto em lua cheia, renascido como fera ferida, para fazer algo novo. O instinto fala mais alto, o coração reage ao seu bel prazer, desprovido de algemas sociais. A morte era seu destino; gravada no punhal suas iniciais. FF

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