Quando me encontro sozinho, admirando a tela branco, um súbito pensamento triste me passa a cabeça. A noção de estar vivo, infrutífero, sem destino e sem saber para onde olhar. Enquanto todos seguem suas vidas a passos acelerados, fico parado admirando a sujeira que corre para o bueiro, e dali o esgoto. Musgo! Autor de obra exterminada, verme que faz peso na terra. Meu coração parece estar congelado em um cubo de gelo utópico, navegador sem bússola que parte ao encontros das Índias perdidas. O passo lento dos mil relógios que tenho, os olhares dos estranhos que passam por mim deixando apenas seus detalhes. O Céu circunda a todos, aberto como os braços de sua mãe, sempre acolhedor. A brisa gelada penetra por todos os buracos do casaco. A saudade de casa me leva a pensar besteiras, o ócio é a perfeita oficina pra o diabo negro que vive sempre a espreita. A degola está próxima, não importa a sua atitude, o choro vem compulsivamente, lá está ela, ao meu lado, meus dedos acariciam suas pernas, mas estamos separados por uma barreira intrasponível, sinto isso como uma avalanche agora. Os momentos de solidão, são os de abstração. Os legados deixados por desconhecidos são uma bênção. São captados pelo seu Cérbero e mostrados em sonhos, que você não lembra. Algo significante pra meus companheiros, algo que os faça parar um segundo para prestar atenção. Viver uma mentira fantasiada de cotidiano, esperar para sempre a perfeição, sabendo que no fundo é uma idéia plena de mentes satíricas. Tontos, eles são enganados pela publicidade que aparece até na comida, não acho nada de significativo pra registrar, os momentos poético são pouco nos dias de hoje. A exposição demasiada nos faz enlouquecer, me faz enlouquecer. O brinde que futilmente gastamos em bares, são reflexos dos míseros segundos que somos feliz, em que achamos profundamente que tudo dará certo em nossas vidas. Caminhamos, inexoravelmente para a morte certa, o pânico de saber que a mesma coisa acontecerá com todos aquele que você gosta, nos faz entornam, beber mais, ficar anestesiado da pura verdade. Um dia gostaria de ter fé, saber como é andar despreocupado pela rua, sabendo que se um dia acabar, acabará bem. Nesse tempo chuvoso, quase nevando, trancando em casa sem comunicação sinto a pomba branca querendo se lançar para outros mares. Mar de sonhos, envoltos na contemplação absoluta da existência enquanto algo puro e simples, como um passo apos o outro. Eu gostaria de flores, mas delas vivas. Gostaria de ser um objeto inanimado, ali, observando, impassível e sem sentimentos. As passagens difíceis desse quase inverno, quero levar para a vida. Essa minha vida inútil, pensando mais que devo, falando mais que escrevendo, dormindo mais que trabalhando. Uma pausa na vida, que sortudo ele é. Olha ele! Sentindo tristeza e felicidade ao mesmo tempo. Incompreendido seus pensamentos, complexas reações químicas que nenhuma metalinguagem pode explicar. Como problemas, em sentindo amplo, podem se sobrepor tanto em cima da natureza humana. Aonde está nossa capacidade de resolvê-los? Lá lá Lá. Perpetua inquietude dos laços da normalidade, tonto andando pelas correntes da vida, sem via, na contramão, correndo na contramão. Buzinas? Escuto todos os dias em forma de não, espelho revertido em lágrimas azuis. No Céu, as estrelas, no chão a multidão, na cabeça um milhão, no coração um anão. Cão, diabo com sífilis, vem dizer que é tudo sem querer, sem saber que o destroço cai para cima de você. Policiais com metralhadoras, mulheres frias como gelo. Estou sozinho mais uma vez, a recepção é calorosa, meu peito calejado, ô coração miserável. Cascavel inimaginável. Ao olhar para trás, que passado glorioso e penoso, sem saber por onde começar, escolho a parte mais fácil, o meio, a metade. Sem passar nem olhar. Estou perdido como se pode ver, não uso palavras literárias, pois isso é um desabafo. De quem viveu pouco e já está extenuado, de quem está de lado, coadjuvante, apagado em sua própria sombra, resignado em sua mediocridade, preguiça revolucionária, sono de faraó egípcio. Não vê o motivo do progresso, quer saber apenas do recesso, e para isso não quer acesso aos bens, às mulheres. Putas! Putas! Putas! Todas as luzes diz o Senhor West, expandam essas malditas, olhem os defeitos que crescem, moral e fisicamente em mim. Cansado, sem começar a jornada. A essa merda eu não pertenço. Saia de mim pensamentos malditos, assolem outro. Estou perdendo a batalha, sinto isso com meu corpo que insiste em ficar adormecido, inerte com essa merda de mundo em que vivemos, aliás, bobagem achar que algum dia foi feliz. Disfarço momentos de alegria em um poço de pequenos atos sórdidos. FOda-seeee, eu quero que tudo se foda!!!!!! Acordando gritando ideais, abstrações necessárias para o passeio eterno que está por vir. Acorda!! diz seu celular sem mensagens ou telefonemas. Do outro lado da linha alguém disca seu numero para não chamar. Isolamento implacável, construção inacabada, do dia vindouro, quase desmantelado pelo sonho constante de ruína total do planeta. Kabooommm, grita teu inconsciente irracionalmente, tua parte animal descendo ao nível do considerado bom, próprio. Metade da laranja podre. Respira, apenas por um segundo, essa fumaça humana intragável. Andando, caminhando, agora correndo pra longe, tira, por favor, minha capacidade de pensar. Pare um pouco, por obsequio. Cavaleiro do apocalipse.

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