eu ainda tô esperando

Econtro com o Dr. Sono

Pois lá eu estava, em um corredor bolorento cheio de portas burocráticas, com aqueles quadrados de vidro em letras pequeninas dizendo o nome e o cargo do dono - sempre muito chato. Fui até a metade do trajeto, a lâmpada me incomodava pois estava oscilando. Li na portinha, escritório do Dr. Sono, sub-chefe de divisão. Adentrei o recinto, uma saleta mais sem graça que o corredor, onde haviam 3 cadeiras de madeira - que gritavam desconforto -, e à direita uma velha mesa onde sentava um senhora do período quaternário, sua face se assemelhava com um pergaminho onde Aristóteles escreveu Ética à Nicômaco, sentada de frente a uma pilhda de papéis com cara de poucos amigos; pois então, sentei-me na cadeira do meio e aguardei que ela falasse comigo, o que não aconteceu; em tom baixo de voz perguntei a ela se o Dr. Sono estava e se poderia me atender, e ela numa voz grossa disse que o doutor havia se ausentado e que poderia demorar um pouco. Depois disso nenhuma diálogo foi feito; o silêncio sepulcral me incomodava, acha que a qualquer momento a velha iria puxar alguma alavanca e eu iria para o quinto dos infernos, e teria não uma consulta com o Dr. Sono mas com o Dr. Anjo Caído. Esperava então, com as perna cruzadas e folheando uma revista muito mais velha que eu, que falava alguma coisa da última novidade da época: Invasão eslava dos Bálcãs orientais e a missão de Cirilo e Metódio a Morávia no século IX d.C. então fiquei eu imóvel olhando para o nada, até que desaparecu o foco, ficou tudo turvo; e fiquei lá para sempre, eu acho.

*eu acho esse o melhor post que já escrevi, por isso estou publicando novamente.

Comments

trevor said…
muito bom mesmo, moleque

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