Está tão frio nesse quarto branco. As sirenes e as vozes roucas parecem tomar o ambiente, desselugar já assustador. Olho para a janela e fico a pensar o que as pessoas fazem agora nesse momento. Tento fechar os olhos, para tudo isso passar mais rápido, o sonho não vêm. Abro os olhos; ou melhor semicerros-os. Ficar acordado parecer ser mais interessante. Pronto, abro os olhos por inteiro agora. Se passaram dois minutos e vinte e nove minutos, nesse relógio que está passa mais lerdo que todos os outros. Até o sangue que corre em minhas veias se encontra amolecido. Essas malditas sirenes, juntos com o badalar incessante da solidão. É, acho que minha vez chegou. Agora é que mexo os pés e a cabeça e vou-me para o mundo das rosquinhas e do infinito anunciado.
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Hei, posa para mim! Das pequenas ruas por onde ele entrava, palpitante, suado. Sempre com os bolsos cheios de coisas. Fazia um noite fria. E ele, como sempre, sem os agasalhos necessários. Pensando na garota errada na hora certa. Dizendo muito sem receber nada em volta. Tenho muita vergonha de saber o que eu sei sobre você. Não obstaria de voltar, a fazer tudo novamente, mas que fosse apenas eu. Gostaria de ser alguém melhor, quem sabe em outra época. Naquele tempo, o que sempre imaginei em meus sonhos mais secretos, você me deixaria do mesmo jeito. Mas calma, não tem problema. Nunca me vi bebendo água por isso. A rua amarga me chama novamente, não sei mais viver sem pronunciar seu nome na calada da noite, sozinho e embriagado. O teu cheiro de manhã. A uva passou, não haveria de estar na fruteira da nossa casa. As meninas que vi brincar estavam no parque, balançando no balanço vermelho, a suave ventania cortava o penteado, caprichosamente, feito pela mão maternal. As pequenas coisas, g...
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