adagio

Na curva celeste era onde você deveria me esperar. O dia haveria de ser iluminado, como na hora em que Deus falou: “Que haja luz!”. A cornetas tocariam em harmonia indo a seu encontro, te falar que eu te espero, paciente, onde me deixou. Sim, está frio e chove fino, sua falta me fez chorar e com meu choro vem a chuva; fina por que meu choro é contido, escondido. Tenho vergonha! Digo isso agachado; com as gotas misturadas às lágrimas escorrendo na ponta do meu nariz. Já nem posso me ver, embaixo de mim se formou uma poça composta de uma trindade magoada: dor, sangue e vento. Vento que sai para os quatros cantos uivando por ti. Caem nessa poça as minhas lamúrias, ao tocar uma gota, círculos concêntricos se formam tampando minha face; quanto mais tento olhar, mais sou deformado. Irado, pulo repetidas vezes até que a possa se espalhe e agachado novamente começo a babar e como o elástico de saliva pendendo em minha boca, eu blasfemo o amor.

Comments

Anonymous said…
Eu blasfemo a ausencia, e chamo a ausencia de amor.

:)
Anonymous said…
Eu blasfemo pois vc eh um viadinho bêbado nas retas sem perdões do Piauí, e não nessa moderníssima Brasília.
hehe.
Lido.
Anonymous said…
você tem palavras boas
Bassáltamo said…
gracias. :)
Anonymous said…
This comment has been removed by a blog administrator.
Anonymous said…
...MODERNÍSSIMA ? Sinceramente, se a impessoalidade desumana é progresso ou vanguarda, como o CORAJOSO ANÔNIMO escreveu, considere-me um REAÇA.

Popular posts from this blog

2 0 0 9 20 0 8 0 6 crisanta

Seiva Bruta

VoltaatloVoltaatloVoltaatloVVoltaatloVoltaatloVoltaatloVVoltaatloVoltaatloVoltaatloV