O Mal Experimental


O experimentalismo é parte do processo criativo de todas as artes. Nas artes visuais isso se dá como esboços de figuras, testes de cores, luz. No teatro se dá como a “primeira impressão” que o ator tem do tema há ser abordado, o diretor o guia através de exercício de conscientização corporal, e uma catarse em relação ao arquétipo do personagem. Assim a experimentação permite o aprimoramento técnico da obra por tentativas sucessivas de desobjetivação do referente.

Mas se o experimentalismo fosse apenas isso, não haveria razão para esse artigo. O Modernismo abriu um imenso leque de exploração artístico, tanto de teoria como de técnica. O que realmente importa na obra moderna é que a mensagem seja passada, a forma é aleatória. Isso criou condições para que o Experimentalismo pudesse deixar de ser mera parte do processo criativo para englobar a criação em si prescrevendo estilo, teoria e técnica.

Um conceito moderno do Experimentalismo é o seguinte: quaisquer atos artísticos, que vem em forma de intuição, e tem por necessidade ter que se expressado no exato momento que está sendo produzido, sem ser teorizado, ou até mesmo sido pensado com cautela, em resumo algo instantâneo, feito e consumido na hora. Essa instantaneidade causa obras experimentalistas a perderem grande parte de seu valor artístico.

O primeiro problema causado pela espontaneidade experimental é a falta de pensamento imbutido no desenvolvimento da obra que assim pode facilmente falhar em ser arte, lembrando que a arte é uma arte-pensamento. È o perigo de confundir um espasmo com arte, provavelmente de uma mente doente, ou de alguém realmente sem talento.

A experimentação, devido à sua obsessão com o momento presente, não fixa os ganhos que tem impedindo a comunicação e o desenvolvimento do vocabulário artístico. Fica, de fato, impossível saber de todas as expressões artísticas atuais já que essas espontaneidades não chegam a escrita. Há vários artistas fazendo coisas interessantes, que nem sempre são experimentais, mas devido à concepção experimental de arte o mundo das artes se fragmenta e todos caem na indiferença da novidade excessiva.

Para que haja uma arte pensamento é necessária à fixação da obra. È necessário a teorização e a reflexão sobre todas as etapas da produção artística. Tudo isso é necessário para evitar que a arte não se perca em um teatro de 5º categoria ou um grande rabiscado em um pedaço de papel higiênico. O experimentalismo deve ser visto com início e não totalidade de uma arte, início para uma arte pensamento que deve ir além de suas origens. Assim a arte se fixa e sua universalidade e atemporalidade e se torna a exposição do ser na sua época.

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