verde

Na cama eu chutava os lenços e desdobrava o travesseiro. Não conseguia parar de pensar em você. Olhava para o teto procurando alívio na cor branca. Uma cama não é o lugar para se passar só estando acordado. Calcei as surradas havaianas brancas e azuis e só então me dei conta da chuva esmurrando o telhado da minha casa. Fui para a varanda ver as gotas caindo e caindo, e se esparramar pela grama fofa deixando-a molhada, úmida e boa. Depois de um pesadelo, quando era criança, acordei no jardim de casa, dormindo como um anjo envolto de folhas de bananeira.

Me faz salivar o gosto da tua saliva, arrepiar meu corpo todo. Coço a cabeça por não haver explicação. De todos os fiapos de cabelo nesta mesa; nenhum deles é são. Sentado na cadeira só na madrugada eu estou arrependido. Sinto por trás de mim uma mão de outra que não é a tua. Rôo-me de aflição e fico entre amor e paixão. Sinto nas pontas de meus dedos aquele cheiro vulgar, o batom esfregado, os dentes bem afiados, a maquiagem borrada. E tatuado nas suas costas: uma adaga. Nesse momento fiquei com medo voltar para a casa!

Dos latidos dos cachorros soltos na madrugada, um feroz abraço para você. Ih! Lembrei, hoje é o seu aniversário!

Comments

Poeta Punk said…
Belo post...o ultimo desta idade!!!!
fez conexões não muito corriqueiras porem fantásticas!!!abraço irmão!

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