morte do velho

Quem disse que mendigo é gente. Tinha uma calça co vinho, com manca relativamente grande de água sanitária. E para não lhe correr entre as pernas, usava uma corda. Começou a beber em uma ponta da cidade e foi parar na outra, por sorte não foi parado por nenhum fiscal da lei; ou garis da moralidade, como queira. Andou até as pernas começarem a queimar e assim perdendo o controle sobre elas. Ia passeando por um bairro nobre, de muros altos e verdes, onde a felicidade parecia realmente reinar. A sujeira lado a lado com a afetada limpeza. Viu um sobrado amarelo e logo após a entrada da rua. Nem pensava em entrar, já ia passando para se ver longe do seu oposto. Mas ao atravessar o início da ruela, hesitou e olhou mais para o fundo. E lá, duas casa adiante da amarela um terreno baldio. Sentiu que era seu lugar. Já estava bem tarde, ou cedo; a podridão do álcool em sua mente era insustentável. Tinha que descansar. Balançou a garrafa. Havia ainda mais duas bocas cheias, com as bochechas estufadas, para o seu intimo prazer. Ousou até dar uma risada de canto de boca, chegou até a esboçar. Mas lembrou que tinha perdido o hábito de sorrir. Até em seus momentos de maior insanidade eufórica, causadas em sua maior parte pela cana, só o demonstrava por uma maior agitação da mão. De seus 32 dentes, 15 caíram sem que ele pudesse dar por sua falta. Achou horripilante aquela goma rosa, evitava também passar a língua; deixou a barba crescer para esconder tudo aquilo. O barulho dos vagos carros que passavam viram barulho de mar, assim como ondas, indo e vindo infinitamente. O vento da manhãzinha parecia ser seu melhor amigo, que o conduzia a entrar pelo terreno baldio, que era um quadrado perfeito. Com três lados feitos de concreto, e a face que dava para rua era como sua boca, entremeados de grades. A grade era de um marrom ocre, triste. Passava as mãos por essas grades, ou por seus buracos. Tlin, tlin. Era um barulho até agradável de se ouvir. A vegetação estava alta dentro do terreno eram altas, e as gotas de orvalhos molhavam suas mão. Atinou-se que era o nascer do sol; o céu de um lado com algumas nuvens bem ralas, a cor era rosa claro acinzentado, do outro uma imensidão de azul anil bem clarinho. Lembrou que tinha bebida ainda, e encheu a boca, com o adicional de duas bochechas estufadas. Tomou de um gole só, e desceu rasgando pelo seu interior, o aquecendo instantaneamente. Ouvia agora os passarinho, se juntando com o barulho do mar, ou carros; como queira. Não sabia nada de música, mas as músicas cantadas pelos pássaros tinham um tom triste, como uma sinfonia fúnebre. E o vente, amigo, o fazia adentrar mais e mais no campo; pois a muito que deixara de ser um sujo terreno baldio, vadio. Viu as latas oxidadas aqui e lá no chão, vidros estraçalhados; assim como os fragmentos de suas que estouram no chão. Mas não foram por descuidos que caíram no chão, mas por maldade, sendo jogando com toda a fúria. Se fosse por descuido estaria sua vida as aos cacos, o que é melhor do que estraçalhadas; acredite há diferença. Sentou, para tão logo deitar; no começo estava tão frio, por isso despejou o resto da cana, para sentir de novo a sensação de estar aceso por dentro. Virou-se, ficou em posição fetal e viu as formigas trabalhando cegas e determinadas. Ousara depois de tanto tempo chorar. Achou que não, a couraça por mais rachada que fosse, ainda era o muro de um castelo que fora várias vezes atacado. Quando sentiu o umedecer dos olhos e a coceira fina no nariz, já não era mais ela. Morreu assim de lado, em uma linha torta.

Comments

Anonymous said…
"...acredite há diferença"
Sabe passar ao leitor o fiasco e a sensação de tal vida desgraçada. Bom.Atente a um ou outro erro de português. Usa uma narrativa bem diferente das quais nossos olhos já estão enjoados...
Bassáltamo said…
obrigado pela crítica, e volte sempre!

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