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eternus highlanderis








Manual Lamber para evitar pessoas -
Christopher Lambert

Cap. IX - Idosos

Essa espécie é comumente achada nos recintos onde a abordagem a estranhos é mais corriqueira - salas de esperas, filas de bancos, elevadores -, já que os mesmo, em sua maioria, tem muito tempo livre. Ao adentrar em um local, principalmente os que foram supracitados, deve-se ter o olho clínico para se alocar em distância segura, sendo esse procedimento o primeiro e essencial, se não for possível realizar essa manobra de distanciamento ou se o idoso fizer uma abordagem contundente - e que seja pouco provável se desvencilhar não usando a etiqueta e os bons modos -; outros métodos de serão apresentados em futuros capítulos. É mister ressaltar que esse estudo de local consiste apenas em uma checagem do perímetro - a palavra é essa mesmo, estamos em guerra -, visando potenciais transgressores da barreira de *Friendich; geralmente, esses são munidos de peles rugosas, cabelos parcos - sem diferenciação de gênero -, óculos de aros dourados e extremamente grande, corpulentos e o mais importante, o odor, que é facilmente destacado, já que mistura elementos como mofo e o mau hálito; tomam como atitude postural a curva, e seguram com firmeza os braços da cadeira, e se inclinam levemente; a cabeça faz movimentos pendulares na horizontal, sempre à espreita. Os alvos são pessoas mais novas, da faixa etária de 15 - 30 anos que mostrem confiança e liderança.
O modus agendis é dividido principalmente em duas categorias, são elas a teoria informacionista (cotidianamente chamado de "meu filho") e a conheçonista ou "Júlio César!?", quanto à essa nomenclatura os doutrinadores entram em divergência, apesar de a citada - "Júlio César - ser a dominante, os membros da escola classista a chamam de "Epaminondas!?"; mas em seus manuais mais recentes já trazem essa ressalva. Pois bem, tendo agora já classificado, iremos adiante com a explanação detalhada de cada uma. A "meu filho" ou informacionista é constituída de três parte: examinatório, grappling e questional. Irei agora exemplificar para o melhor entendimento. Ex.: Dona Clotilde está em um shopping movimentado, com seus vestido de flores amarelas e vermelhas e bolsa de vime; então, ela olha para os lados procurando vítimas. À vista, encontra André, rapaz de seus 23 anos, esbanjando confiança, claramente atuantes e consciente de sua posição no shopping, seu caminhar aponta que ali era a sua área, seu pedaço, e que ele sabe todas as vielas, cada canto daquele lugar que parece uma labirinto para Dona Clotilde. Clô é uma profissional, fica por 2 minutos observado - período examinatótio -, constata e processa todas as informações de André, e passa para o ataque. O moço, distraído, se delicia com um sorvete, ele está de costas para sua oponente; Clotilde então arma seu poderoso grappling - é o ato de agarrar com força e acuracidade o braço, e, geralmente, o ponto ideal é dois dedos acima do cotovelo - e logo em seguida o questionamento: - Ô meu filho, onde fica a Mesbla?, Sempre agudo e esticando a última vogal, em que se sente a firmeza da mão praticamente o imobilizando e o constrangimento ao redor, já que isso é falado em alto registro. Ao finalizar a seqüência, vem o deleite maior e secreto dos praticantes dessa tática, o rubor e a vergonha passados pelas vítimas. A segunda categoria e caracterizada por dois elementos: inquisitivo e físico. Ex:. Senhora Lourdes Caxias, 79 anos, viúva sem filhos, detentora de incríveis douze graus (idoso não sempre coloca uma vogal no meio dos números?), sentada com seu roliço corpo em uma sala de espera, onde vê tudo e todos com uma aura em volta, culpa da mais novas cirurgias ocular que ela fez, entra em seu campo de visão o que ela acha que é seu sobrinho-neto Júlio César Costa e Caxias, nome que com orgulho soletra em sua cabecinha confusa; pois, de volta nos anos 40, quem tinha "e" no nome era só general e presidente. Decidida, levanta seu pesado e frágil, primeiro um lado depois o outro, evidentemente; já em pé, vocifera, com a boca cheio d´água: - Júlio César, querido! - ação inquisitiva. O jovem mal pode se conter com o susto que levou, pois não era esse seu nome, e mais assustado ficou quando viu a desengonçada senhora arrastando 100 quilos sustentados por pernas tortas e repletas de varizes, se aproximar vagorasamente, enquanto ele, mexe os braços confusos e gagueja tentando em vão explicar o mal-entendido. Quando menos espera suas bochechas estão sendo dilaceradas pela mão de Dona Lourdes que parecem, mas alicates. Feitas as devidas explicações, o próximo capítulo se destina ao combate dessas investidas.


*Norman Friendich, em 1875, em sua aclamada obra "Unknown and fear", introduz a teoria
em que há uma barreira intransponível para os diálogos entre seres humanos, que só pode de ser atravessada com o mútuo consentimento expresso; que depois viria a ser intitulada com seu sobrenome.

Comments

Anonymous said…
muito espirituosa a tua prosa.. gostei muito de ler os teus escritos.
Bassáltamo said…
obrigado, e volte sempre. tentarei mantê-lo ocupado.
Anonymous said…
tipo, vírgula, tipo chato
Bassáltamo said…
tipo, não entendi seu cometário.

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