à júlia

“ O repuxo, a velha nogueira, seu violino e o mar ao longe, o mar Báltico, cujos sonhos de verão ele podia escutar durante as férias - essas eram as coisas que ele amava, das quais se cercava e entre as quais se desenrolara sua vida interior; coisas cujo os nomes figuram bem em versos e que de fato voltavam sempre a ressoar nos verso que Tonio Kröger às vezes compunha.
O fato de possuir um caderno de versos que ele mesmo havia escrito à tona por sua própria culpa e prejudicou-o bastante perante seus colegas e também perante os professores. Por um lado parecia o filho do cônsul Kröger que se escandalizar com isso era estúpido e mesquinho, e por isso desprezava tanto os colegas como os professores, que a falta de maneiras, além do mais, o repugnava e cujas fraquezas pessoais ele descobria com rara perspicácia. Mas, por outro lado, ele mesmo se sentia que fazer versos era algo extravagante e, para dizer a verdade, inconveniente, e era forçado a dar alguma razão a todos que consideravam isso uma ocupação estranha. Só que isso não bastava para fazê-lo desistir dela...”





“ Ah! Seus olhos alongados, azuis e sorridentes, loura Inge! Só pode ser bela e feliz como você quem não lê o Immesnsee e nunca tenta escrever coisas assim; isso é que é triste!...
Ela deveria vir! Deveria notar que ele se afastara, deveria sentir o que se passava com ele, deveria vir atrás dele às escondidas, mesmo que fosse só por compaixão, colocar-lhe a mão no ombro e dizer: Entre! Venhas juntar-se a nós! Alegre-se! Eu amo você! E ele aguçava os ouvidos ansioso, na absurda expectativa de que ela pudesse vir. Mas ela não vinha. Coisas assim não acontecessem nesse mundo“.

Thomas Mann - Tonio Kröger


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