Estar só

Quando caminho e estou só, o que acontece muito, me vejo cercado por um mundo preto e branco. Ando geralmente em passos lentos e preguiços, reparando bem os movimentos do meu braço e me quetionando sobre ele, o que faz com que o mude um pouco, percebo o quão esquisito é ficar anadando com os braços balançando com se fossem independentes ao meu corpo. Eu olho as variedades do chão - textura, cor, matéria-prima. O vento me toca e faz balançar minha camisa, que faz uma ondinha gostosa, que se deleita ao passar pelo meu corpo; coisa que nunca se percebe andando em compania. Os componentes físicos são interessantes, e quem dera que fossem só eles que me acompanha em vôo solo. A cabeça martela questões propositalmente deixada à míngua de qualquer reflexão profunda, e elas vem, sem nem pedir a devida licença, assolar o pobre. Absorto nesse duelo, vejo as pessoas passarem céleres, e de quando em quando, um rosto conhecido, o sorrisso amarelo e alguma saudação polida é o máximo que consigo fazer. Passado esse momento de distração, voltam as pancadas do inconsciente, fazendo questão de relembrar-me quem eu sou - ou pelo menos quem acho que seja - e de jorgar-me para o fosso de onde nunca deveria ter saído. Gostaria de saber por que para algumas pessoas é tão fácil viver; viver é uma coisa complicada, cara :/ Quem pensa demais é que se dana. Pergunta se o cãozinho que balança o rabinho e mostra o linguão se reflete sobre a razão de estar balançando a língua para fora de uma janela de carro. Pois bem, volto a caminhar, olhar as coisas e achar que todo mundo é feliz menos eu.

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